Na Igreja da Santa Casa da Misericórdia do Fundão e de acordo com a mais genuína tradição das Misericórdias Portuguesas, é celebrada todos os Domingos a Eucaristia Dominical da Irmandade, participada por membros da Mesa Administrativa, Irmãos e outros fiéis sendo sempre aplicada pelos Encargos pios assumidos, em sufrágios de Benfeitores e de antigos Provedores, Mesários e Colaboradores, já falecidos, que generosamente e com muita dedicação serviram esta Santa Casa da Misericórdia. É de realçar que esta Eucaristia Dominical é ainda aplicada, na altura própria, por cada um dos irmãos que vão falecendo com o decurso do tempo.

Por outro lado, a admissão de novos Irmãos, de harmonia com o disposto no nº 4 do Art. 8º do Compromisso, só é considerada definitiva depois de publicamente, na Igreja da Misericórdia, ou numa das Capelas da Santa Casa, terem feito juramento: “Juro perante Deus, servir com lealdade e dedicação a Santa Casa da Misericórdia do Fundão e cumprir tanto quanto possível, as determinações do Compromisso.”

Todos os anos em colaboração com a Paróquia do Fundão, se realizam, na cidade (do Fundão), as Solenidades da Semana Santa integradas na Quadra da Quaresma

No segundo Domingo da Quaresma, realiza-se, na Igreja da Misericórdia, a festa dos Santos Passos com a Celebração Eucarística e Sermão, às nove horas.

Pelas quinze horas, decorre a Procissão dos Passos onde muitas pessoas se incorporam com muita fé e espírito de penitência, rezando e meditando na Via Dolorosa de Jesus Cristo

A Procissão inicia-se com o Sermão do Pretório no púlpito de pedra construído na fachada na Igreja da Misericórdia.

Percorre as principais artérias da Cidade entre as quais a Avenida da Liberdade repleta de pessoas a enquadrar a procissão, passando nas “Estações” ou “Passos” com quadros da paixão e termina na Capela do Calvário com o Sermão final sobre a Crucificação e Morte de Cristo.

Foi o Papa Urbano VIII que, em 1634, concedeu o Breve que legalizou todos os atos desta Procissão.

Desde esta data, praticamente sem interrupções, se tem realizado esta Procissão onde tomam parte as autoridades eclesiásticas e as autoridades civis, bem como praticamente todas as Instituições fundanenses designadamente, a Irmandade, o Seminário do Fundão, os Escuteiros, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, a maioria das Organizações Paroquiais, os Bombeiros e muitos fiéis não só da Cidade mas também das freguesias vizinhas e doutras localidades até distantes.  

As celebrações da Semana Santa começam no Domingo de Ramos, às 11 horas e 30 minutos, com a Bênção dos Ramos ora na Capela da Senhora da Conceição ora na Capela de Santo António, seguida da Procissão para a Igreja Matriz, onde às 12 horas, se celebra a Eucaristia de Ramos. A Semana Santa termina no Domingo de Páscoa.

Durante os dias intercalares celebraram-se outras cerimónias na Igreja Matriz:

  • A Missa Vespertina da Ceia do Senhor com Lava-Pés;
  • A Via Sacra, pelas 15 horas e a Paixão do Senhor, Adoração da Cruz e Comunhão, pelas 18 horas;
  • A Vigília Pascal, pelas 21 horas; bem como

Três Procissões organizadas pela Irmandade da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, embora sempre em colaboração com a Paróquia;

  • A Procissão do Senhor dos Enfermos com visita ao Hospital e ao Lar de Idosos da Santa Casa;
  • A Procissão dos Senhor da Cana Verde (Ermidas), pelas 21 horas e 30 minutos;
  • A Procissão do Enterro do Senhor com Sermão da Descida da Cruz e da Soledade, pelas 21 horas.
Procissão do Senhor da Cana Verde

E assim cumprimos, em união com a Paróquia, numa tradição de há séculos, as cerimónias da Paixão e Morte do Redentor.

Por meio de imagens (ver organigrama anexo), revivemos, comovidamente, o drama sangrento de há vinte e um séculos, o maior drama que se representou no palco do mundo e que jamais se apagará na memória dos homens. Foi à custa de tanto sofrimento que Jesus nos remiu. Expiou os nossos pecados dando a vida por nós.

Porém, lembrar-nos-á, estou certo, que não devemos apenas condoer-nos de Jesus do que sofreu há dois mil anos. ELE continua hoje a sofrer no seu Corpo Místico a que todos pertencemos. Continua a sofrer em todos os nossos irmãos que são vítimas de doença, da fome, da guerra injusta e fratricida, de Estados totalitários, da falta de amor, da solidão, da crítica mordaz e destrutiva, da calúnia, da mentira, do ódio, da injustiça e desta incompreensível guerra que ora aflige a humanidade.

Já que, há vinte e um séculos, não pudemos acompanhar Jesus, na vida dolorosa, ao lado da Virgem Mãe, de São João, das Santas Mulheres, de Simão Cirineu, participemos hoje, cada um de nós, ativamente, independentemente da maior ou menor fé que possuamos, na nova Paixão de Cristo que sofre na pessoa dos nossos irmãos aliviando a sua dor.

Com efeito, ajudar, aliviar e acarinhar Jesus na pessoa dos nossos irmãos é a grande missão de todos nós, é dever indeclinável da Santa Casa da Misericórdia que, para lembrar isso mesmo a todos os seus Irmãos, tem levado a cargo estas celebrações da Cerimónia da Paixão do Redentor, protótipo de todos os que sofrem no corpo e na alma.

Com todas estas realizações queremos não nos limitar a celebrar a PÁSCOA apenas com o toque festivo dos sinos, o cântico da aleluias, as procissões mais ou menos solenes, ou simplesmente a oferecer amêndoas uns aos outros. É muito pouco. Estas são apenas algumas manifestações exteriores. São a casca!

Se queremos ressuscitar com Cristo, temos de viver a Páscoa por dentro.

PÁSCOA É AMOR!

Amar é querer o bem dos outros. É, sobretudo, lutar pelo bem dos pobres, dos fracos, dos infelizes, dos indefesos. É ser voz e ação dos que não têm voz, dos prisioneiros do seu débil e apagado estatuto social.

Jesus morreu e ressuscitou por amor, para que os homens vivam no amor.

É na família, como diz o Santo Padre, “a família é o laboratório da vida humana e a escola permanente dessa mesma vida”, que se deve começar a partilhar o amor, a alegria e o luto, o sorriso e a tristeza.

Porém o verdadeiro amor não tem fronteiras, mas uma vez bebido, ensinado e enraizado na família, naturalmente há-de transpor os limitados umbrais da própria instituição familiar. Será das famílias que vivem a caridade, o amor, que hão-de vir as ajudas necessárias para as famílias que necessitam destas prerrogativas.

Quando estivermos imbuídos por este Espírito de Amor, ele há-de brigar, dentro de nós, não só com o que temos, mas com o que somos!

PÁSCOA É PERDÃO!

Enquanto não soubermos perdoar de todo o coração, enquanto não formos capazes de até oferecer o perder, não podemos celebrar a Páscoa em cada ano, em cada Domingo, em cada dia.

Se não perdoamos é porque ainda não temos o espírito do Amor!

Se não perdoamos não merecemos o perdão e, sem perdão, não há Páscoa!

E como dizia S Francisco de Assis: “É no perdão que se é perdoado”, “No amor que se é amado”, No morrer que se ressuscita para a vida Eterna”.

PÁSCOA É PAZ!

Quando há paz dentro de cada um de nós, ela irradia espontaneamente, com naturalidade, para o exterior, para todos os outros homens! Se vivermos no amor, comunicamos o amor. Se vivermos na paz, seremos construtores da paz na família, na rua, no bairro, na nação, no mundo todo!

A primeira coisa que Cristo disse aos apóstolos, depois da sua ressurreição, foi a saudação que a liturgia da Igreja tantas vezes repete “a paz esteja convosco.”

Em resumo:

  • Páscoa é passagem de morte à vida!
  • Páscoa é ressurreição!
  • Ressuscitem logo e com Cristo para o amor, para o perdão, para a paz!

E como, as Santas Casas – pela cultura institucional, pela identidade, pelo seu papel na sociedade portuguesa, pela sua organização formal, devem ser uma PÁSCOA permanente desenvolverei, embora muito resumidamente, estes pontos fundamentais da sua implementação e desenvolvimento, em Portugal e no Mundo.